segunda-feira, 4 de abril de 2011

Desabafo sem pés nem cabeça

ás vezes parece que me recordo perfeitamente de como foi amar-te cegamente e de como isso fazia todo o sentido, de como tudo fazia o seu sentido sem lógica.
hoje, parece que me irrita ver aqueles casais peganhentos e sempre colados como se não houvesse mais nada. nessas alturas esqueço-me de como já fui assim, como já te amei.
o sentimento foi-se, não sei como seria mais feliz, mas sei que agora quem é infeliz és tu e isso deixa-me com esta sensação de culpa sem razão. só porque choras e sofres por mim, como em tempos me aconteceu.
a vida é mesmo foda por vezes, e ainda dizem que existe um Deus. esse deus (toma lá, letra minúscula para ti) deixa corações sofrerem tanto, diverte-se ao fazê-lo, aposto. morre deus, tou farta de ti!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Quando eu tinha 5 anos, a minha mãe dizia-me sempre 
que a felicidade era a chave para a vida. 
Quando eu fui para a escola, perguntaram-me o que eu queria ser quando crescesse. 
Eu escrevi “feliz”. 
Eles disseram-me que eu não entendi a pergunta, 
e eu disse-lhes que eles não entendiam a vida.

 

terça-feira, 8 de março de 2011



BEFORE SUNRISE
Um dos melhores filmes que já vi.
Mesmo inspirador!


Até chamava "Vida" a isto, mas seria muito banal

Meu Deus, que aturas as rezas inventadas pela gente 
- influências dO Senhor Saramago em mim, diga-se de passagem - 
meu Deus!

Meu Deus, há tanto para fazer neste mundo, mesmo que tão pouco seja, 
mesmo que nem algo de jeito seja, 
algo bárbaro e mesquinho, nem que seja algo estúpido, corrupto, porco ou deplorável. 
Há sempre algo para fazer, nem que sejamos gozados, julgados por isso, ou até, quem sabe, 
aclamados, proclamados reis dos penedos e dos pedregulhos! 
Aplausos, Aplausos! 
Risos e bofetadas que soam pelo ar, 
e eu aqui a pensar que há tanto para fazer nesta vida, que nem me contenho!
Quase que me tenho de segurar, por-me freio
e quase esbofeteio o meu pensar
que me leva para longe de onde estou!
A vida é curta, dizem eles, os que já cá estavam antes de mim,
os que devem ir antes de eu ir
conhecer aquela senhora que só veste preto e nem viúva é

A mim a vida parece-me tão vasta...
Espero só não morrer amanhã,
é que ainda há tanto para fazer...

segunda-feira, 7 de março de 2011

Embora haja muita coisa que não sei, tenho esta certeza de que quando parar de desenhar estarei certamente morta.
Continuação

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Amo este sentimento de ter tirado um peso de cima de mim,
um peso que voou noutra direcção qualquer
e que me deixou com a liberdade
de voar para onde quero.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Patrifica-me

é hilariante como há dias
em que sou quase capaz
de esfregar o nome do meu país na lama da rua
e noutros ser capaz
de deixar escapar
uma lágrima ao ouvir Amália, 
como se algo se exaltasse em mim,
sem eu saber explicar o que é;
só sei que é algo que levemente irrequieta o meu sossêgo
e me provoca um estranho e momentâneo patriotismo.
e que me faz pensar que temos esta palavra tão única
Saudade, é isso, Saudade!
ahhh... escorrem-me arrepios pelos braços
e treme-me o lábio nos agudos do Fado!
canta para mim Amália, canta!
Silêncio que se vai cantar o Fado!



domingo, 20 de fevereiro de 2011

Vulgaridades

Basta! 
Estou farta de ser só mais uma, 
mais uma miúda a vaguear pela rua, 
a esperar na paragem do autocarro 
e a comer pão com manteiga pela escola! 
Chega! Já disse, chega! 
Mas qual é a piada de parecer mais uma? 
Mais uma criatura no meio de tantas, tantas outras criaturas.
Que entusiasmo...! Que febril entusiasmo!
Já te disse, basta!
Basta de conter o que sou dentro de mim!
Eu sou mais do que isto...
Sou mais do que uma criatura querida
cuja probabilidade de morder é 
ZERO!
Eu mordo!
Eu mordo e rasgo carne,
e sou vil e mesquinha,
para além de tudo de bom que tenho
(será que é assim tanto?).
Estou farta que me achem boazinha e perfeitinha
Porque NÃO SOU!
e não quero sê-lo!
Ninguém me leva pela rua do banal
quando BANALIDADE não é o meu nome do meio,
nem do princípio
nem do fim!
O meu nome é REMOALDO,
sim, Mafalda REMOALDO,
nome estranho
com alergia ao banal!
Quero mandar tudo cá para fora,
como um espirro de algo... algo cá de dentro
sem ser ranho!
Não me dói a garganta!
Estou farta de gritar para dentro!
Desta vez, vão-me ouvir!
Escuta!
Não, não, escuta!
EU NÃO SOU MAIS UMA!
Queres tapar os ouvidos?
Na boa...

Depois não digas que não avisei.


A Arte é eterna

Aconteça o que acontecer, a música há-de sempre existir.
Nada somos sem música, nada somos sem qualquer outra arte, 
porque a arte é tudo 
o que nos faz ser minimamente loucos num mundo de gente com juízo, 
que nos faz sonhar num mundo de gente séria, 
que nos faz mostrar quem somos num mundo em que devemos ser todos iguais. 
É pensar diferente, 
é respirar diferente, 
é ser diferente, 
é viver diferente 
e morrer diferente.

Sem nome, Pastel de óleo
Ana Couto

Dedicado à Ana Margarida Couto

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Ouvi que morreras

Ontem sonhei que morreste.
Sim, que morreste, ouviste?
Não devia ter sonhado tal pesadelo,
Como podias tu morrer assim?
Não me lembro de mais algum detalhe
do que ouvir que morreras.
E acordo assim, estremunhada, como se tivesse tido uma visão do que seria, por momentos, ou para sempre, sentir que te perdera, mãe, sem saber bem como e porquê
Só sei que morreras, ouvi que morreras, sem te ver.
Mas sonhos são sonhos, ainda que pesadelos, mãe.
É que mais forte é a força de querer ser
alguém que veja ainda por muito tempo
todos os que merecem ou não morrer,
esvaírem-se no pó da estrada
que os meninos da escola sacodem dos sapatinhos de vela.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

"Hotel California"

Hoje apanhei o autocarro para casa, saí na paragem "certa", a do costume. 
Meti os meus head phones e escolhi a "Hotel California". 
Subi a minha rua com a música alta. 
Só ouvia o vento a roçar-me perto das orelhas, a assobiar.
Olhei para o céu que ameaçava mais do que uma simples brisa violenta.
Choveu 
Chovia e não existia mais nada.
Só eu e a chuva.
Só eu e o nada.


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Bilhete

às vezes apetece-me apanhar um autocarro para o nada, 
só de saco às costas e de mão dada a alguém
(ou com ela na algibeira, se não houver ninguém). 
descobrir o tudo, descobrir o nada, descobrir o além. 
lembrar-me do que é ser criança, sem a preocupação do que ainda vem. 
depois cair em mim e lembrar-me que o bilhete é de ida e volta. 
há que voltar para esta revolta, de querer ser algo e não sermos quem.